Tamu McPherson: “O meu estilo [nos 90s] era uma convergência dos Nirvana com a cena dos clubes de Nova Iorque”

É autora da publicação mensal All The Pretty Birds, mentora da página ativista Shoe Up for Justice, influencer e tiktoker, redes sociais onde é seguida por meio milhão de pessoas. Nascida nos EUA, perto de Nova Iorque, tem ascendência jamaicana e também é uma Mango Girl – o que significa que é embaixadora mundial da marca. Encontramo-nos com a carismática e divertida Tamu McPherson na Costa Brava, em Espanha, para o lançamento da coleção exclusiva entre a Mango e a Victoria Beckham. Mais tarde, depois da nossa conversa, vestirá um vestido azul longo, umas sandálias pretas simples que lhe ficam a matar e usa o fio da coleção, entrelaçado, em dourado e prateado. Tamu usa óculos escuros durante todo o evento, os lábios bem vermelhos. Conta-nos, antes de jantar, que fez uma operação recente e fala abertamente sobre isso. Percebemos quão desempoeirada e boa conversadora é, mais ainda quando os microfones se desligam. É mãe de um adolescente, lemos-lhe na voz a garra de empreendedora, e tem um estilo monocromático muito ligado a silhuetas direitas e geométricas, não é raro vê-la de fato ou com casacos de ombros estruturados. Mas é a atitude que lhe dá o estatuto de criadora digital, parece-nos.

O que a inspira na Victoria Beckham? Quais são as suas peças favoritas da colaboração e o que tem esta coleção de especial?

Eu adoro Moda e adoro vestuário, e ia dizer que adoro vestidos, mas também adoro um bom fato! A Victoria Beckham é uma it-girl intemporal. Um reflexo da sua ‘personagem’ nas Spice Girls, nunca deixou de ser elegante, nunca deixou de ser chique. Penso que, historicamente, ela nunca perdeu o ritmo em termos de estilo. Como se tivesse seguido todas as tendências à sua maneira e estivesse sempre fantástica, seja qual for a sua interpretação [das tendências]. Acho que ela traz tudo isso para a coleção. Ia dizer que não sou exclusivamente uma rapariga de vestidos. No entanto, os vestidos da coleção chamam por mim. A paleta de cores que foi escolhida, como o branco e o lilás, também me atraem. Penso que estas são cores que as mulheres querem usar, especialmente nesta estação, porque temos muitos eventos a decorrer nos próximos meses. A Victoria sempre foi extremamente, como já referi, sofisticada, elegante, chique, mas também sempre foi muito feminina. E isso é sexy. É possível ser sexy de uma forma feminina, o que penso ser válido para todas as mulheres.

E quanto ao seu estilo, o que é que o define?

Sou muito aventureira e gosto de brincar com as tendências. E, também por causa do meu trabalho, para a minha comunidade e para o meu público, gosto de interpretar as tendências para que eles possam ver também como eu o faria. E não é algo forçado, é-me natural, porque gosto de o fazer, gosto de experimentar tudo. Mas o que descobri ao longo dos anos é que o meu público aprecia muito isso, porque estamos todos à procura de ideias sobre como nos vestir. Sou assim desde que me lembro.

Em pequena já se vestia sozinha?

Sim, desde muito nova. No primeiro ano do liceu, uma das minhas melhores amigas recebeu uma máquina de costura como presente de aniversário. E então começou a fazer-nos peças. Por isso, quando estávamos no liceu, ela já nos tinha feito várias roupas diferentes e começou com chapéus. Que engraçado, por coincidência hoje estou a usar um chapéu [Tamu trocou de roupa depois da entrevista]. (Risos). Lembro-me de me ter começado a vestir (com mais personalidade) no liceu. Nessa altura, estávamos nos anos 90. Comecei a vestir-me na altura dos Nirvana, mas também havia uma enorme cena em torno das discotecas. Por isso, sinto que o meu estilo era como uma convergência dos Nirvana com a cena dos clubes de Nova Iorque. Era divertido. Era selvagem.

Cresceu em Nova Iorque?

Sim, mesmo à saída de Nova Iorque. Era como se fosse uma rapariga de uma cidade pequena a querer imitar o estilo e as tendências de uma das cidades com mais estilo do mundo.

E vê-se agora que o regresso dos anos 90 é muito excitante.

Para mim é muito emocionante e muito engraçado. Porque me faz pensar na nostalgia. E o estilo dos anos 90 também era considerado de mau gosto na altura - algumas das coisas que usávamos! E agora todas as marcas estão a aderir, a aderir, a aderir.

Como é ser it-girl da Mango?

Adoro trabalhar com esta equipa, e quando uma equipa é feliz e ambiciosa e lhes é permitido desenvolver e seguir as suas ideias de uma forma tão holística, é realmente um prazer trabalhar nesse tipo de ambiente. É impossível não me sentir feliz por eles sempre que realizam um evento, porque sei que toda a equipa colocou o seu coração nisso e essa é a primeira parte da ética. Se os membros da tua equipa, o teu pessoal e a tua força de trabalho estiverem felizes, então estás perante uma empresa sustentável. E depois, em segundo lugar, a abordagem honesta. No que diz respeito à sustentabilidade, a empresa não é uma empresa que faz "greenwashing". É uma empresa que está a investir no futuro, a investir nos fornecedores. É como se investissem nos fornecedores para garantir isso. Até os fornecedores atuam de forma sustentável e penso que isso é melhor do que uma marca tentar afirmar 'sim, estamos a fazer isto, estamos a fazer aquilo', como se estivessem a fazer o melhor, e depois não estão. A transparência é, atualmente, a forma mais eficaz de abordar a sustentabilidade.

O que acha do estilo portuguese girlie?

Antes de mais, adoro Portugal. As miúdas portuguesas são divertidas, sabe? Eu sou jamaicana, então nós nunca aprendemos que havia uma regra sobre misturar padrões como se misturássemos qualquer coisa que encontrássemos no mercado. Sempre foi assim! (Risos).

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