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Acordo Haavara: diferenças entre revisões

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O '''Acordo Haavara''' (em [[hebraico]] הסכם העברה, translit. ''Heskem Haavara'' ou '''Ha'avarah''': "acordo de transferência") foi assinado em [[25 de agosto]] de [[1933]], após três meses de discussões, entre a Federação Sionista da Alemanha (''Zionistische Vereinigung für Deutschland'' ou ZvFd), o [[Banco Leumi|Banco Anglo-Palestino]] (agindo sob ordens da [[Agência Judaica]]) e as autoridades econômicas da [[Alemanha]] [[Nazismo|nazista]]. O acordo foi projetado para facilitar a [[emigração]] de [[judeu]]s alemães para a [[Mandato Britânico da Palestina|Palestina]]. O emigrante pagava um certo montante de dinheiro a uma empresa de colonização [[sionista]], a título de [[investimento]], e recuperava os valores pagos na forma de exportações alemãs para a Palestina.<ref>[http://www1.yadvashem.org/about_holocaust/chronology/1933-1938/1933/chronology_1933_18.html 25 de agosto: Acordo Ha'avara], Cronologia do Holocausto (de ''Yad Vashem The Holocaust Martyrs' and Heroes' Remembrance Authority'')</ref>
O '''Acordo Haavara''' (em [[hebraico]] הסכם העברה, translit. ''Heskem Haavara'' ou '''Ha'avarah''': "acordo de transferência") foi assinado em [[25 de agosto]] de [[1933]], após três meses de discussões, entre a Federação Sionista da Alemanha (''Zionistische Vereinigung für Deutschland'' ou ZvFd), o [[Banco Leumi|Banco Anglo-Palestino]] (agindo sob ordens da [[Agência Judaica]]) e as autoridades econômicas da [[Alemanha Nazista]]. O acordo foi projetado para facilitar a [[emigração]] de [[judeu]]s alemães para a [[Mandato Britânico da Palestina|Palestina]]. O emigrante pagava um certo montante de dinheiro a uma empresa de colonização [[sionista]], a título de [[investimento]], e recuperava os valores pagos na forma de exportações alemãs para a Palestina.<ref>[http://www1.yadvashem.org/about_holocaust/chronology/1933-1938/1933/chronology_1933_18.html 25 de agosto: Acordo Ha'avara], Cronologia do Holocausto (de ''Yad Vashem The Holocaust Martyrs' and Heroes' Remembrance Authority'')</ref>{{Rquote|right|''CERTIFICADO''<br/>
''A Haavara Ltd.ª coloca à disposição dos bancos na Palestina valores em marcos que lhe tenham sido confiados por imigrantes judeus provenientes da Alemanha. Os bancos vão dispor desses montantes em marcos para fazer pagamentos de mercadorias importadas da Alemanha, em nome de comerciantes palestinos. Os comerciantes pagam o valor dessas mercadorias aos bancos e a Haavara Ltdª. reembolsa, em moeda local, os imigrantes judeus da Alemanha. Na mesma medida em que os comerciantes locais farão uso desse acordo, a importação de produtos alemães servirá para retirar capital judeu da Alemanha. <br/> <br/>

|Exemplo do certificado emitido pela Haavara para emigrantes judeus com destino à Palestina <ref name="Heritage">[http://www.pbs.org/wnet/heritage/episode8/documents/documents_11.html Heritage: Civilization and the Jews] (PBS)</ref>}}
A Hanotea (em [[hebraico]]: הנוטע), uma empresa [[sionista]] de plantação de [[cítricos]], foi uma peça importante para colocar em marcha o engenhoso esquema de transferência de dinheiro dos judeus alemães que emigravam para a Palestina. Segundo o acordo estabelecido com as autoridades econômicas da Alemanha, a Hanotea deveria captar dinheiro dos potenciais emigrantes, e esse dinheiro deveria ser usado posteriormente, já na Palestina, para comprar produtos alemães. Os produtos eram despachados juntamente com os emigrantes. Importadores instalados na Palestina compravam os produtos alemães. Assim, quando chegavam ao destino, os migrantes recuperavam seu dinheiro. Conectado à Hanotea havia um judeu sionista polonês, [[Samuel Cohen (sionista) | Sam Cohen]], que representou os interesses sionistas em negociação direta com os nazistas a partir de março de 1933. Em maio de [[1933]], a Hanotea solicitou ao governo alemão permissão para transferir [[dinheiro]] da Alemanha para a Palestina. Esse arranjo operou com êxito e abriu o caminho para o posterior Acordo de Haavara.<ref>NICOSIA, Francis R. [http://books.google.com/books?id=8X2G1G_jD-4C&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false ''The third Reich & the Palestine question'']. New Jersey: Transaction, 2000, p. 39s.</ref>
A Hanotea (em [[hebraico]]: הנוטע), uma empresa [[sionista]] de plantação de [[cítricos]], foi uma peça importante para colocar em marcha o engenhoso esquema de transferência de dinheiro dos judeus alemães que emigravam para a Palestina. Segundo o acordo estabelecido com as autoridades econômicas da Alemanha, a Hanotea deveria captar dinheiro dos potenciais emigrantes, e esse dinheiro deveria ser usado posteriormente, já na Palestina, para comprar produtos alemães. Os produtos eram despachados juntamente com os emigrantes. Importadores instalados na Palestina compravam os produtos alemães. Assim, quando chegavam ao destino, os migrantes recuperavam seu dinheiro. Conectado à Hanotea havia um judeu sionista polonês, [[Samuel Cohen (sionista) |Sam Cohen]], que representou os interesses sionistas em negociação direta com os nazistas a partir de março de 1933. Em maio de [[1933]], a Hanotea solicitou ao governo alemão permissão para transferir [[dinheiro]] da Alemanha para a Palestina. Esse arranjo operou com êxito e abriu o caminho para o posterior Acordo de Haavara.


A partir de 1933 houve uma tentativa internacional de boicotar os produtos da Alemanha, em razão de suas leis racistas e de suas políticas opressivas. Todavia, enquanto organizações judaicas, sindicatos e partidos de [[Esquerda política|esquerda]] apoiavam o [[boicote]], produtos alemães eram normalmente exportados para a Palestina, através do esquema de ''Ha'avara''.
A partir de 1933 houve uma tentativa internacional de boicotar os produtos da Alemanha, em razão de suas leis racistas e de suas políticas opressivas. Todavia, enquanto organizações judaicas, sindicatos e partidos de [[Esquerda política|esquerda]] apoiavam o [[boicote]], produtos alemães eram normalmente exportados para a Palestina, através do esquema de ''Ha'avara''.


Em [[1935]], foi criada uma outra empresa, denominada Ha'avara,<ref>[http://www.pbs.org/wnet/heritage/episode8/documents/documents_11.html Haavara (Transfer) Agreement Documents.]</ref> com finalidades idênticas às da Hanotea, também no quadro do acordo firmado com o governo alemão. Houve também a Paltreu, uma ''Schwestergesellschaft'', isto é, uma empresa afiliada à Ha'avarah, através da qual o dinheiro era pago, em [[marco alemão|marcos]], e posteriormente recuperado no escritório da Ha'avarah, em [[Tel Aviv]]. <ref>[http://www.nizkor.org/hweb/people/e/eichmann-adolf/transcripts/Sessions/Session-015-02.html The Trial of Adolf Eichmann. Session 15]</ref>
Em [[1935]], foi criada uma outra empresa, denominada Ha'avara, com finalidades idênticas às da Hanotea, também no quadro do acordo firmado com o governo alemão. Houve também a Paltreu, uma ''Schwestergesellschaft'', isto é, uma empresa afiliada à Ha'avarah, através da qual o dinheiro era pago, em [[marco alemão|marcos]], e posteriormente recuperado no escritório da Ha'avarah, em [[Tel Aviv]].


Na Alemanha, o acordo funcionou regularmente pelo menos até [[1938]] e era conhecido como ''Kapitaltransfer nach Palaestina'' ("Transferência de Capital para a Palestina"). Além das transferências de capital para a Palestina, através das empresas sionistas, os migrantes judeus também podiam levar consigo uma certa quantia em dinheiro, em geral equivalente a {{Fmtn|1 000}} [[libras esterlinas]] e em alguns casos especiais, até {{Fmtn|2 000}} libras. O principal proponente do Acordo Haavara foi [[Haim Arlosoroff]]. O acordo entre sionistas e nazistas, além de permitir a saída de judeus da Alemanha, possibilitou a recuperação de boa parte dos valores dos [[ativo]]s de que dispunham na Alemanha apesar do imposto sobre a remessa de capitais para o exterior, correspondente a 25% sobre o valor transferido, conforme previsto pela legislação alemã. Aproximadamente 60 000 judeus Alemães e austríacos beneficiaram-se dessa cooperação entre as organizações sionistas e autoridades alemãs. Ao emigrar, levaram consigo 100 milhões de [[Dólar|dólares]] (em torno de $ 1,7 bilhões, em valores de [[2009]]), recursos que serviram para lançar as bases da infraestrutura do futuro estado de [[Israel]].
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==Ver também==
''A Haavara Ltdª. coloca à disposição dos bancos na Palestina valores em marcos que lhe tenham sido confiados por imigrantes judeus provenientes da Alemanha. Os bancos vão dispor desses montantes em marcos para fazer pagamentos de mercadorias importadas da Alemanha, em nome de comerciantes palestinos. Os comerciantes pagam o valor dessas mercadorias aos bancos e a Haavara Ltdª. reembolsa, em moeda local, os imigrantes judeus da Alemanha. Na mesma medida em que os comerciantes locais farão uso desse acordo, a importação de produtos alemães servirá para retirar capital judeu da Alemanha. <br/> <br/>
|Exemplo do certificado emitido pela Haavara para emigrantes judeus com destino à Palestina <ref name="Heritage">[http://www.pbs.org/wnet/heritage/episode8/documents/documents_11.html Heritage: Civilization and the Jews] (PBS)</ref>}}

Na Alemanha, o acordo funcionou regularmente pelo menos até [[1938]] e era conhecido como ''Kapitaltransfer nach Palaestina'' ( "Transferência de Capital para a Palestina"). Além das transferências de capital para a Palestina, através das empresas sionistas, os migrantes judeus também podiam levar consigo uma certa quantia em dinheiro, em geral equivalente a 1.000 [[libras esterlinas]] - e em alguns casos especiais, até 2.000 libras. O principal proponente do Acordo Haavara foi [[Haim Arlosoroff]]. O acordo entre sionistas e nazistas, além de permitir a saída de judeus da Alemanha, possibilitou a recuperação de boa parte dos valores dos [[ativo]]s de que dispunham na Alemanha - apesar do imposto sobre a remessa de capitais para o exterior, correspondente a 25% sobre o valor transferido, conforme previsto pela legislação alemã. <ref>[http://www.anthonyflood.com/murraythirdreichpalestine.htm The Zionist-Nazi Connection], por Hugh Murray.</ref> Aproximadamente 60.000 judeus Alemães e austríacos beneficiaram-se dessa cooperação entre as organizações sionistas e autoridades alemãs. Ao emigrar, levaram consigo 100 milhões de [[Dólar|dólares]] (em torno de $1.7 bilhões, em valores de [[2009]]), recursos que serviram para lançar as bases da infraestrutura do futuro estado de [[Israel]]. <ref>BLACK, Edwin. [http://www.transferagreement.com/ The Transfer Agreement].</ref>
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{{Referências}}

=={{Ver também}}==
*[[Aliá Bet]]
*[[Aliá Bet]]
*[[Lehi]]
*[[Lehi]]
{{Referências}}





Edição atual tal como às 22h53min de 30 de novembro de 2023

O Acordo Haavara (em hebraico הסכם העברה, translit. Heskem Haavara ou Ha'avarah: "acordo de transferência") foi assinado em 25 de agosto de 1933, após três meses de discussões, entre a Federação Sionista da Alemanha (Zionistische Vereinigung für Deutschland ou ZvFd), o Banco Anglo-Palestino (agindo sob ordens da Agência Judaica) e as autoridades econômicas da Alemanha Nazista. O acordo foi projetado para facilitar a emigração de judeus alemães para a Palestina. O emigrante pagava um certo montante de dinheiro a uma empresa de colonização sionista, a título de investimento, e recuperava os valores pagos na forma de exportações alemãs para a Palestina.[1]

Acordo Haavara CERTIFICADO

A Haavara Ltd.ª coloca à disposição dos bancos na Palestina valores em marcos que lhe tenham sido confiados por imigrantes judeus provenientes da Alemanha. Os bancos vão dispor desses montantes em marcos para fazer pagamentos de mercadorias importadas da Alemanha, em nome de comerciantes palestinos. Os comerciantes pagam o valor dessas mercadorias aos bancos e a Haavara Ltdª. reembolsa, em moeda local, os imigrantes judeus da Alemanha. Na mesma medida em que os comerciantes locais farão uso desse acordo, a importação de produtos alemães servirá para retirar capital judeu da Alemanha.

Acordo Haavara

— Exemplo do certificado emitido pela Haavara para emigrantes judeus com destino à Palestina [2]

A Hanotea (em hebraico: הנוטע), uma empresa sionista de plantação de cítricos, foi uma peça importante para colocar em marcha o engenhoso esquema de transferência de dinheiro dos judeus alemães que emigravam para a Palestina. Segundo o acordo estabelecido com as autoridades econômicas da Alemanha, a Hanotea deveria captar dinheiro dos potenciais emigrantes, e esse dinheiro deveria ser usado posteriormente, já na Palestina, para comprar produtos alemães. Os produtos eram despachados juntamente com os emigrantes. Importadores instalados na Palestina compravam os produtos alemães. Assim, quando chegavam ao destino, os migrantes recuperavam seu dinheiro. Conectado à Hanotea havia um judeu sionista polonês, Sam Cohen, que representou os interesses sionistas em negociação direta com os nazistas a partir de março de 1933. Em maio de 1933, a Hanotea solicitou ao governo alemão permissão para transferir dinheiro da Alemanha para a Palestina. Esse arranjo operou com êxito e abriu o caminho para o posterior Acordo de Haavara.

A partir de 1933 houve uma tentativa internacional de boicotar os produtos da Alemanha, em razão de suas leis racistas e de suas políticas opressivas. Todavia, enquanto organizações judaicas, sindicatos e partidos de esquerda apoiavam o boicote, produtos alemães eram normalmente exportados para a Palestina, através do esquema de Ha'avara.

Em 1935, foi criada uma outra empresa, denominada Ha'avara, com finalidades idênticas às da Hanotea, também no quadro do acordo firmado com o governo alemão. Houve também a Paltreu, uma Schwestergesellschaft, isto é, uma empresa afiliada à Ha'avarah, através da qual o dinheiro era pago, em marcos, e posteriormente recuperado no escritório da Ha'avarah, em Tel Aviv.

Na Alemanha, o acordo funcionou regularmente pelo menos até 1938 e era conhecido como Kapitaltransfer nach Palaestina ("Transferência de Capital para a Palestina"). Além das transferências de capital para a Palestina, através das empresas sionistas, os migrantes judeus também podiam levar consigo uma certa quantia em dinheiro, em geral equivalente a 1 000 libras esterlinas — e em alguns casos especiais, até 2 000 libras. O principal proponente do Acordo Haavara foi Haim Arlosoroff. O acordo entre sionistas e nazistas, além de permitir a saída de judeus da Alemanha, possibilitou a recuperação de boa parte dos valores dos ativos de que dispunham na Alemanha — apesar do imposto sobre a remessa de capitais para o exterior, correspondente a 25% sobre o valor transferido, conforme previsto pela legislação alemã. Aproximadamente 60 000 judeus Alemães e austríacos beneficiaram-se dessa cooperação entre as organizações sionistas e autoridades alemãs. Ao emigrar, levaram consigo 100 milhões de dólares (em torno de $ 1,7 bilhões, em valores de 2009), recursos que serviram para lançar as bases da infraestrutura do futuro estado de Israel.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. 25 de agosto: Acordo Ha'avara, Cronologia do Holocausto (de Yad Vashem The Holocaust Martyrs' and Heroes' Remembrance Authority)
  2. Heritage: Civilization and the Jews (PBS)


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